Entre muitos contos que sobreviveram da era do norte do Paquistão, que era o sagrado coração budista de Gandhara, havia um dedicado a um Dragão/Naga aterrorizante, Apalala.
De acordo com histórias mitológicas budistas, este deus da água vivia na nascente da montanha que era a nascente do rio Swat em Pashawa, na Índia. Esta área está atualmente localizada em Peshawar, província de Khyber-Pakhtunkhwa, Paquistão. Ainda hoje, a província de Swat no Paquistão é rica de tradições budistas primitivas, e existem, portanto, muitas versões diferentes da história de Apalala.
Ao contrário da maioria dos outros dragões, Apalala tinha uma cabeça humana e um corpo de serpente. Além disso, ele era muito sábio e astuto. Dessa forma, o enorme e poderoso rei Naga (ou dragão de água) possuía sempre um enorme poder sobre as pessoas.
Os rios eram vitais para a colheita e a vida na região. Apalala, um rei Naga, era capaz de controlar o fluxo do rio Swat e a quantidade de chuva que caía na área. Em outras palavras, as pessoas dependiam de Apalala.
Ele ajudou os agricultores locais a viver uma vida boa, protegendo o vale de dragões maus que tentavam causar secas, inundações perigosas, e tempestades repentinas. Em troca, o grande dragão só queria alguma gratidão e apreço pelas suas boas ações, sob a forma de alguns grãos que lhe davam a cada estação do ano.
Infelizmente, esta homenagem a Apalala parou por causa da negligência do povo, o que o tornou então muito zangado e vingativo. O Rei Naga mostrou a sua verdadeira desilusão ao enviar uma grande inundação para varrer o vale. Depois, causou uma terrível seca, inundações, ou tempestades violentas que devastaram as culturas locais.
Visita de Buda
Desejando ajudar as pessoas afetadas pelas inundações e pela seca, Buda veio a Swat para visitar o furioso e profundamente desapontado Rei Naga.
Uma versão da lenda budista diz que quando Buda decidiu visitar o dragão, ele quis primeiro causar uma grande impressão na criatura.
Ele apareceu no reino do Rei Naga, contudo, não veio sozinho. O seu companheiro era Vajrapani (“Vajra na [sua] mão”), considerado no Budismo Mahayana como um dos bodhisatvas que aparecem no ouvido – um ser iluminado que, por compaixão, renuncia ao nirvana para salvar os outros. Uma personalidade tão grande é considerada um espírito complexo que se manifesta de muitas formas e simboliza todo o poder dos Budas.
Dessa forma, ele venceu a montanha em que Apalala habitava com o relâmpago de Vajparani. Agora, aterrorizado, Apalala ouviu a forma de Buda o convencer de que o que ele estava fazendo era errado. Causando então uma impressão no dragão, Naga converteu-se e se tornou um budista.
Ele deixou de atormentar o povo do vale, e em troca, prometeram prestar-lhe uma grande homenagem de doze em doze anos para celebrar a sua bondade.
A atitude do Rei Naga para com o povo mudou, e ele tornou-se amplamente conhecido pela sua empatia para com os humanos. Na arte budista da região Swat, está incluída uma cena que retrata o Rei Naga enfurecido no ato de ser domado por Buda.
A Lenda de Apalala
Esta história, uma das lendas mais famosas da tradição budista, é antiga e tem sido tradicionalmente passada de geração em geração, narrada principalmente às crianças budistas para lhes ensinar que a fé tem um poder excelente e lhes dá verdadeira felicidade.
No entanto, após a sua conversão, Apalala ainda se queixou que” se se abstivesse de inundação, como tinha prometido, não teria sustento. Portanto, o Tathagata permitiu-lhe inundar o rio Swat uma vez em cada doze anos.”
Muitas histórias lendárias antigas têm geralmente versões diferentes. A história do Apalala não é uma exceção. Acredita-se que a história do Apalala se referia originalmente a um deus ou herói parecido com o Indra com uma espada de trovão que subjugou o rei Dragão. “Indra uma vez transformou-se em uma serpente gigantesca, enchendo um vale inteiro em Swat durante um tempo de fome, e permitiu que os habitantes o comessem.
Xuanzang (602 – 664), um monge budista chinês do século VII, erudito, viajante e tradutor, notou uma estupa no local desta ocorrência e explicou que Indra era, de fato, uma encarnação do Buda”.
Fonte : ancientpages
Tradução : Fatos Curiosos
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