A descoberta da tumba do jovem faraó Tutancâmon em Luxor, 100 anos atrás, é um dos maiores feitos da arqueologia moderna. No entanto, a mudança de nome do faraó reflete um dos momentos mais críticos e contrarrevolucionários da história do Egito Antigo.
Aquenáton, antecessor de Tutancâmon, desafiou todo o sistema religioso egípcio adotado há 1,5 mil anos, levando a nação à beira do abismo. Ele tentou impor um monoteísmo, substituindo os deuses tradicionais egípcios por um deus único, o criador de tudo, o disco solar que cruza os céus todos os dias: Aton.
O faraó e sua esposa Nefertiti tentaram criar uma nova utopia, construindo a cidade de Aquetáton, a qual nomearam como “Horizonte de Aton”. A cidade era uma obra de arte, ornada com lindas casas e palácios, e templos dedicados ao deus único. Amarna tornou-se o novo centro político e religioso do Egito e a base de um novo culto.
No entanto, o monoteísmo proposto pelo faraó foi visto como heresia, e ele começou a adquirir inimigos perigosos. A situação piorou ainda mais com a perda de algumas filhas para uma epidemia de peste que assolou o país. Para seus súditos, a catástrofe ocorreu porque ele havia ofendido os antigos deuses.
Aquenáton tornou-se intolerante e mandou seus soldados apagarem a memória dos deuses em todas as suas terras. No final do seu reinado, sua revolução fracassou, e seu filho Tutancâmon teve que mudar seu nome e restaurar a antiga religião egípcia.
A matéria também aborda como as estátuas de Aquenáton foram destruídas e as pedras dos seus templos foram usadas como material de construção para outras edificações. Essas rochas talhadas ficaram ocultas, para que ninguém voltasse a vê-las. A ironia é que este procedimento as preservou para a posteridade. Na década de 1920, elas começaram a emergir e muito do que sabemos de Aquenáton e do culto a Aton vem dessas pedras.
Em resumo, a história de Aquenáton é um retrato fascinante de como um faraó tentou mudar a ordem estabelecida e desafiar os deuses antigos, apenas para fracassar em sua tentativa. A mudança de nome de seu filho Tutancâmon reflete a restauração da antiga religião egípcia, e o fim do culto a Aton.